sábado, 16 de abril de 2011

DA ERA DIGITAL DOS QUADRINHOS AO PRESIDENTE OBAMA...(O CASUAL E O MODERNO)

Por Rafael Kenski
Assim como acontece em músicas e filmes, sempre se falou da ameaça que a internet representa ao mercado de quadrinhos. Afinal, por que adolescentes, sempre sem dinheiro, gastariam centenas de reais comprando gibis que eles podem piratear online? As vendas de revistas estão mesmo em queda – há quem faça previsões de que, ainda nessa década, estará restrita apenas aos colecionadores mais fervorosos – mas mesmo grandes editoras como Marvel e DC Comics encontraram maneiras de crescer ao licenciar seus heróis para filmes e outras mídias. Enquanto isso, vários novos autores surgiram apenas publicando suas histórias em seus blogs e conseguindo dinheiro na venda de produtos como livros, canecas, camisetas e postais. Veja abaixo alguns dos principais avanços da indústria dos quadrinhos.Qualquer um pode fazer
Surgiu na internet uma série de serviços que ajudam você a criar um quadrinho, mesmo que não saiba desenhar nada. É claro que saber desenhar sempre ajuda. Mas, se você só tiver idéias geniais e nenhuma habilidade manual, não é isso que vai impedir que seja um cartunista de sucesso.

Veja aqui alguns sites que oferecem esse tipo de serviço:
- Strip Generator
- Comeeko
- Toon Doo
- Comiqs.com
- Pixton

Parte de outras histórias
Grande parte do sucesso recente dos quadrinhos esteve em se aliar a eventos do mundo real ou continuar histórias contadas em filmes, séries de TV ou álbuns de música. Dois grandes sucessos de quadrinhos de heróis nessa década foram uma reunião de super-heróis da Marvel no local dos ataques de 11 de setembro, em Nova York, e a aparição do presidente americano Barack Obama em uma revista do Homem Aranha. Além disso, séries como
Heroes contavam parte da história em quadrinhos online e até o cantor Neil Young fez uma graphic novel inspirada em seu álbum Greendale .Financiados por fãs
A editora belga
Sandawe criou um sistema online em que autores de quadrinhos apresentam seus projetos, incluindo esboços do roteiro e dos desenhos. A partir daí, fãs podem comprar “ações” deles e se tornarem sócios de uma iniciativa do cartunista. A vantagem é que mesmo autores desconhecidos podem receber adiantamentos e que, mesmo antes de ficar prontos, já existe um bocado de gente interessada no projeto. Em junho, a primeira história a atingir sua meta recebeu 36 mil euros depois de 5 meses de negociação e já está a caminho de ser entregue aos fãs.Em novas plataformas
Enquanto o gibi de papel perde importância, as grandes editoras já abraçaram os formatos digitais. DC Comics e Marvel já têm versões dos principais quadrinhos para iPad, iPhone e até para o videogame PSP. Além disso, a versão digital dos novos quadrinhos está cada vez mais se misturando a vídeos e sons, criando um meio termo entre livros e filmes.


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Quem inventou a histórias em quadrinhos?

A primeira história em quadrinhos (HQ) moderna foi criada pelo artista americano Richard Outcault em 1895. "A linguagem das HQs, com a adoção de um personagem fixo, ação fragmentada em quadros e balõezinhos de texto, surgiu nos jornais sensacionalistas de Nova York com o Yellow Kid (‘Menino Amarelo’)", diz o historiador e jornalista Álvaro de Moya, autor do livro História da História em Quadrinhos. A tirinha de Outcault fez tanto sucesso que os grandes jornais nova-iorquinos entraram em pé de guerra para ter o Yellow Kid em suas páginas. Mas é claro que esse formato original para contar uma história não surgiu na cabeça de Outcault de uma hora para outra. Se a gente for buscar as primeiras raízes das HQs, podemos chegar às pinturas rupestres feitas pelos homens pré-históricos, que serviam para contar, por exemplo, como eram suas aventuras nas caçadas.
Os quadros das igrejas medievais que retratavam a via sacra - os últimos momentos da vida de Jesus na Terra - também podem ser considerados antepassados das tirinhas. A grande diferença é que esses ancestrais das HQs não tinham texto, os enredos eram desenvolvidos apenas com uma seqüência de desenhos. "As histórias em quadrinhos constituem um meio de comunicação de massa que agrega dois códigos distintos para transmitir uma mensagem: o lingüístico (texto) e o pictórico (imagem)", diz o pesquisador Waldomiro Vergueiro, coordenador do Núcleo de Pesquisa de História em Quadrinhos, da Universidade de São Paulo (USP). Foi só no século 19 que a coisa começou a mudar, com pioneiros como o suíço Rudolph Töpffer, o francês Georges Colomb e até o italiano Angelo Agostini, radicado no Brasil desde os 16 anos de idade.
Apesar de esses artistas terem criado trabalhos unindo texto e imagem anos antes de Yellow Kid, características importantes das HQs modernas, como o uso dos balõezinhos com as "falas", por exemplo, só surgiriam realmente nas tirinhas do personagem americano.

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Obama no gibi

Aparição do presidente americano aquece o mercado de quadrinhos

por Adriana Maximiliano
O supervilão Camaleão queria tomar posse no lugar de Barack Obama. Na hora H, o Homem-Aranha desmascarou o impostor e salvou o presidente americano. A façanha do aracnídeo não acabou por aí: Amazing Spider-Man nº 583, que foi publicada em janeiro nos Estados Unidos e depois no Brasil e em outros 14 países, se tornou a revista em quadrinhos de heróis mais vendida do século 21. Só nos EUA, mais de 500 mil exemplares desapareceram das bancas. "Obama é fã do Homem-Aranha e até colecionava revistas quando era mais jovem. Então, resolvemos mostrar que o Homem-Aranha também é fã dele", diz o editor da Marvel Comics, Stephen Wacker.
A editora não precisou pedir autorização ao
presidente: "Podemos usar qualquer figura pública, desde que com bom senso", afirma Wacker, lembrando que personalidades como o escritor Orson Welles e o lutador Muhammad Ali já apareceram ao lado dos heróis. A dobradinha com o Homem-Aranha não foi a primeira nem a última participação de Obama no mundo dos quadrinhos. Durante a campanha, Savage Dragon, da Image Comics, apoiou o candidato na capa da revista 137. Na revista 145, de março, ele voltou para enfrentar Osama Bin Laden. "Não posso afirmar nada sobre a economia do país, mas Obama deu um baita estímulo para a economia dos quadrinhos", diz o jornalista Michael Doran, do site especializado Newsarama.com.

Gibis recordistas
Ranking dos mais vendidos da história

1991 - 8 milhões

As vendas de X-Men nº 1 nunca foram batidas. Os mutantes não levam todo o mérito. A Marvel Comics criou cinco capas diferentes, um truque muito usado no ramo para fazer colecionadores quebrarem os cofrinhos e multiplicar as vendas. Funcionou!

1992 - 6 milhões

A Morte de Super-Homem foi um golpe de marketing da DC Comics, que ressuscitou o herói no nº 82, depois de vários números de luto. Aos fãs que se sentiram enganados, a DC Comics deu a seguinte resposta: tudo é possível para alguém de Krypton.

2008 - 1,5 milhão
A turma lançada por Maurício de Sousa em 1970 cresceu. Aos 16 anos, em formato mangá, eles usam cabelos estilosos e roupas modernas. O beijo na boca de Mônica e Cebolinha atiçou a curiosidade de leitores de todas as idades.