
Esboço de página para a versão em HQ de "As Barbas do Imperador"
Depois de um aviador, de um artista da corte, de um príncipe regente e de um boxeador malandro, as barbas de um imperador. O próximo álbum do desenhista paulista Spacca será uma adaptação para os quadrinhos de "As Barbas do Imperador" (Companhia das Letras), livro que, em 2009, rendeu a Lilia Moritz Scharcz o Prêmio Jabuti de Melhor Ensaio e Biografia. Previsto para o ano que vem, o álbum que traz o imperador Dom Pedro II como protagonista não é o primeiro trabalho de Spacca com a autora. Antes, pela mesma editora, a dupla produziu a HQ "D.João Carioca - a corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821)", que virou até minissérie de TV.

- Achei interessante por ser uma heroina, para variar - revela ele, que também é responsável pela versão em HQ de "Jubiabá". - Há uma dificuldade com relação ao erotismo mais solto deste livro, é um Jorge Amado mais maduro e mais sem vergonha :). É um livro com imagens fortes, como a de Teresa carregando um doente de varíola nas costas.
Em curto bate-papo sobre "As Barbas do Imperador", Spacca afirma que é impossível não simpatizar com a pessoa que Dom Pedro II foi. Confira:
Como foi mergulhar na vida de Dom Pedro II?
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O imperador é tão fascinante quanto Debret e Dom João VI?
SPACCA: Dom Pedro II gostava de estudar línguas e ciências, e se correspondia com celebridades. Quando visitava uma sinagoga, gostava de mostrar que sabia ler em hebreu. E também tinha curiosidade sobre problemas do mundo prático. Quando visitava escolas e hospitais, queria saber como estava o andamento de uma obra, como se fosse um administrador. Ele tinha uma visão de governante como "servidor público". Embora bem educado na tradição das cortes europeias, tinha trato simples, era gentil com qualquer um. E vale ressaltar: sempre defendeu a liberdade de imprensa. Nunca quis calar um desafeto, nem fechou um jornal que falasse mal dele (e nos anos 1880 os jornalistas foram bem cruéis com ele).
